sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Um dia a gente se encontra

Em uma volta diferente desse mundo, um dia a gente vai se encontrar de novo. Vamos rir do passado e contar como a vida anda. Sem pretensão de continuar, só para falar e falar. Até esse dia chegar já teremos enterrado as dores que vivemos, os machucados já estarão cicatrizados e poderemos voltar a nos ver com o carinho que existia no começo. Lembra? O carinho que pareceu não existir mais no fim. Me deixa pensar um pouco. Pense um pouco também. Vamos viver. Não somos inimigos. Construímos uma amizade bonita que se transformou em algo ainda melhor de viver, mas as coisas mudaram um pouco do nosso controle. E a culpa não é minha. Nem sua, não é nossa.
O que eu não quero é levar comigo a última lembrança sua – que é justamente a que eu mais quero esquecer. Para o resto da minha vida, o que vou levar será o melhor que eu conheci de você e como de te respeitar passei a te admirar. Eu não consigo odiar quem já amei. Não vou negar, porém, que a raiva que senti pela dor que me causou me fez querer te matar. Mas a raiva o tempo leva e o amor o tempo deixa.
E nessa vida eu só quero ao meu lado os melhores momentos e lembranças. Seria um erro me apegar a parte ruim dos dias que vivi. Seria um erro te julgar como uma pessoa ruim pelos dias tristes. Antes de chorar eu sorri tanto. Antes de terminar, vivemos tanto. Um dia a gente se encontra. Com menos peso nos ombros e menor pressão da vida. Mas não é um “se encontrar para recomeçar”, é só para ficar bem. Hoje eu não quero mais ter que pensar nessas coisas. O que estou fazendo aqui é ser justo ao ponderar que sofri por você, mas também amei por você. E por isso é preciso ser inteligente e reconhecer que mais do que mal, você me fez bem. No fundo nós sabemos o quanto ajudamos um ao outro, mas esse pensamento não é o que vai nos sustentar. É preciso mais para uma história continuar dando certo e nós demos tínhamos pouco para oferecer além de nós mesmos naquele momento. Nos faltou o algo a mais.
Um dia a gente se encontra. Preciso colocar a cabeça no lugar antes de te colocar na minha vida.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Faltou o abraço



E te ver tem sido raro, só guardo as lembranças de tudo o que vivemos, de tudo o que foi dito e também daquilo que não foi dito. Ou o que não foi feito.

Eu te vi. Eu te olhei, eu sorri... E por dentro ainda ficava aquela louca vontade de poder abraçar você e dali não soltar mais, só pra ter certeza de que aquele sorriso não mais iria pra longe de mim. Onde é que guardamos toda a vontade hein? Não passa nunca, já não sei se é amor, carinho, desejo... A certeza que eu tenho é que ficou saudade, muita saudade... Poderiamos ter sido tanto! A gente ainda pode, não pode? Não...

Por isso todo mundo passa e quem nunca passou, vai passar. Já tô dizendo aos meus amigos, calma que eu não vou pirar, já pirei!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quando deixei de ser...

Descobri que depois de mim, outra esteve em meu lugar. Quem diria, não? Ao ouvir, o coração congelou, parece que nele estavam cravando uma faca, dor... Doeu, mais que ouvir, em saber que teve capacidade de por outra em meu lugar para te chamar de meu. Logo você, tão cheio de problemas com o amor, que se dizia tão meu, já não era mais... E talvez nunca tenha sido, não totalmente. Doeu porque poderia ser qualquer pessoa, mas foi justamente alguém que não poderia ser nada. Escolhas, o mundo nos obriga a fazê-las, não?! E quem foi que lhe obrigou, um par de pernas abertas? Ou até mesmo quatro patas abaixadas para você. Pata, de animal, pois como pessoa eu não consigo mais ver ninguém envolvida nessa história. Pra que? Durou quanto tempo teu pequeno namoro? Meses? Jogar um amor de uma vida por meses de aventura com uma qualquer não foi tua melhor jogada nesse jogo da vida, meu bem! Eu morreria sem saber, se não fosse a vida querendo me provar dia após dia o quanto meu coração não merece amar alguém assim, vem a vida bater na cara mesmo, cravar facas, tacar fogo no peito pra gente aprender e perceber o quanto é burra as vezes. APRENDE MENINA, grita e grita a vida na cara da gente, sussurra no ouvido, vai... Segue, olha suas chances, abre teus olhos, abre teus braços pro novo. Esquece quem te esqueceu, esquece quem te trocou.
Deixei de ser sua ex. Me tornei a ex-ex, se é que isso existe, né? Qual foi sua ideia mirabolante dessa vez? Me atingir de qual forma, se todas as outras já haviam sido suficientes pra me provar o quanto você não vale pra mim?!
Nessa brincadeira entre idas e vindas, entre bocas diferentes, corpos diferentes, quem é que no fim sente falta do nosso um só corpo? Do nosso um só beijo? Éramos um, éramos nós. E agora, não deixei de ser ex, deixei de ser você, nós... Passei a ser eu. Vivendo por mim, me permitindo. É isso que a vida grita todo dia na minha cara. VIVE MENINA, VIVE. A vida não te espera, as pessoas se superam.
SUPEREI. Primeiro, porque nenhum amor merece tanto a ponto de sofrermos por ele, e segundo, quando passei a me amar, aprendi que é comigo que eu vou estar até o fim dos dias, e de mim, nunca serei EX. Sou futuro, sou presente!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

SMS

SMS ... Saudade, muita saudade.
Um SMS e o coração acelera. Uma falta e um aperto dentro do peito ao relembrar de todas as outras mensagens recebidas, trocadas... Uma falta enorme no peito e uma vontade de retornar, como sempre foi, como deveria ser sempre. Foram dias e mais dias ininterruptos de mensagens trocadas, não houve um dia se quer que eu não tinha um bom dia, saudades, como vai você?, quero te ver, princesa, eu te amo, boa noite... Um SMS e uma memória cheia de lembranças suas, como eu era feliz, meu Deus, como eu era! Não que eu seja triste nos dias de hoje, mas maio chegou, logo chegará o dia em que eu nunca ei de me esquecer, meus 23 anos também chegam, a certeza de não haver mais um futuro juntos não encerra a saudade do passado no presente. Recordar é o único modo de ainda bater para um coração sem a chance de viver, condenado ao solitário re-viver. A dor que você causou a alguém só muda se você mudar, então, até! Até que os dias passem, e os novos sonhos nos mudem, e alterem o que ainda sinto que você foi, é, e será. Você foi o tempo que já passou. Você é o tempo em que eu estou. E sei que o seu amor será, o tempo que ainda virá. Passa, passa o tempo, mas sem movimento, eu só quero um tempo para lembrar de nós dois. Passa, passa o tempo, vê se não demora já chegou a hora de você escolher. Passa, passa o tempo, a hora e o momento, sei que não aguento se você me esquecer. Passa, passa o tempo, não, não vá embora, e se tiver que ir que me leve com você. Não, eu não me esqueci, mas eu tive que aprender a fingir para seguir.

terça-feira, 31 de março de 2015

Tive que começar a escrever esse texto por que são duas horas da madrugada e eu não consigo dormir de forma alguma. Estou há meses fingindo que estou sendo sincero sobre o que eu escrevo, mas é uma mentira que eu conto para mim mesmo repetidamente todos os dias quando acordo. O peito está pesado, o passado está me puxando de volta e o futuro parece tão incerto e inconsistente que chega a me dar calafrios de medo. Eu estou tão cansado do estereótipo feliz que sou obrigado a sustentar em prol dos outros, de ter que sorrir sem vontade, de ter que se sentir privilegiado sem poder achar defeitos. Estou cansado, cansado de não poder ter meus fantasmas, meus medos e minhas inseguranças. Estou cansado de não poder ser frágil, de ter que esconder tudo dentro de mim por causa do medo das pessoas que me rodeiam de achar que eu vou entrar em colapso, que eu vou cometer suicídio, que eu vou praticar um homicídio, que eu vou cair em depressão profunda. A noticia para essas pessoas é que eu já estou colapsado e em depressão há meses. Tenho que ser um ótimo ator com essa minha eminencia natural de estar constantemente em estado depressivo. E é impressionante como isso machuca minha vida, minha autoestima. Incrível como meu particular pessoal-amoroso tem tanto poder sobre quem eu sou, sobre a intensidade dos sorrisos que eu dou sábado a noite. E mesmo sabendo que a felicidade jamais estará em outra pessoa além de mim mesmo, eu deito a noite olhando para o céu e me pergunto onde estará ela, olhando para o mesmo céu talvez, mas tão distante dali. Me lembro que há seis meses atrás escrevi um texto dizendo que jamais voltaria a escrever sobre você, pois bem, eu menti. Me surpreendi depois de todo esse tempo em perceber que nada mais que sai de mim é totalmente sincero, tive essa revelação hoje lembrando de você, em como a gente brincou com o destino e se machucou feio. Preciso ser sincero de novo, falar sobre você, sobre como você me fez desacreditar no amor desde que você partiu daqui. Tem sido difícil, cada dia, as noites se arrastam, mas nada parece me alegrar de verdade. Eu saí com tantas pessoas, beijei algumas pessoas maravilhosas, pessoas inteligentes. Passei domingos vendo filmes de casalzinho com mulheres carinhosas, passei sábados malucos em festas regadas a drogas e álcool curtindo a vida como um maluco suicida, beijei paixões platônicas de anos atrás em shows das minhas bandas favoritas ao som das minhas musicas prediletas. Mas mesmo assim nada preenche aquele vazio que você deixou quando foi embora. Tenho a sensação que nunca vou encontrar alguém como você, que transborde a minha existência com um simples olhar. Eu já tive infinitos casos e acasos da vida, já cai e levantei de sete relacionamentos sérios totalmente distintos, já entrei em depressão por amor (não na forma poética, na forma psicológica mesmo, e física, até mental) e mesmo com toda a bagagem eu digo que nada foi igual a você. A gente teve um nada, uma paixão rápida e destruidora, você nem chegou a entrar na minha vida, mas o estragado foi nuclear. Me lembro de ter atravessado a cidade em busca de presentes que poderiam caber na sua cesta de pascoa, e um deles foi aquele cachorro de pelúcia fofinho que eu apelidei com o seu sobrenome, pois ele seria seu filho a partir de então. Lembro de ter escrito uma carta onde na verdade o escritor era o cachorro, Billy Ribeiro, que dizia que queria adotá-la como dona e tudo mais. Lembro de ter saído correndo de Guaratinguetá a São José dos Campos para te entregar essa cesta na pascoa antes de você viajar para Minas, e com a pressa esqueci os chocolates em Guará e fiz uma via sacra em São José montando a cesta inteira de novo. Lembro que cheguei em casa desesperado “Mãe, me empresta o carro agora! É urgente!” e sair alucinado para ter aqueles infinitos dez minutos com você. Lembro do seu rosto feliz, de ver sua cara de quem não sabia mais qual era a sensação de ser tão amada assim. Mas lembro principalmente de você se negando a ficar com o Billy, pois você não podia entrar em casa com uma pelúcia, sua mãe poderia ver, seu namorado poderia descobrir. Nosso sonho era o impossível que eu faria de tudo para se tornar real. Você deixou comigo o Billy, e nunca mais veio buscá-lo, e mesmo depois de sumir da minha vida eu fiquei encarando ele em cima do meu guarda roupa pegando poeira, e era triste, muito triste. Por sorte minha melhor amiga também tinha o sobrenome Ribeiro, e eu dei o Billy de aniversário para ela, está em boas mãos agora. Ter perdido você me matou lentamente durante todos esses meses. Saber que eu usei tudo de mim por você. Fiz as loucuras que te deixavam desacreditada de que podiam ser reais. Fiz todo amor que você conhecia parecer uma velha lembrança de afeto. Eu usei toda minha experiência, todo meu aprendizado, todo meu cavalheirismo e amor para te fazer acreditar que era comigo que você deveria estar passando todos os dias da sua vida até a eternidade. Mas mesmo assim eu perdi, e eu sei que eu era melhor que ele, eu sei que minhas serenatas te acalmavam a alma, eu sei que só eu ficaria do teu lado nos conflitos que você tinha com a sua mãe e eu sei até que o sexo era melhor do que todos seus três anos de namoro. E eu sei não por que eu sou soberbo e me acho pra caralho, mas por que você me falou. Lembra? Ainda ecoa na minha cabeça quando você dizia que eu era o cara mais perfeito que podia existir. Que ninguém era capaz de fazer as coisas que eu fazia por você, que era um sonho, que eu era a única coisa que te fazia sorrir quando a sua vida parecia um pesadelo. Mas mesmo assim você foi embora, você ficou com ele, no final o amor apontou para outro lado, e mesmo que não faça sentido algum, eu entendo, eu entendo por que eu sei que o amor não mede o próprio amor, ele é adimensional, improvável e indecifrável, e mesmo que ele seja um babaca você possivelmente passara a vida ao lado dele. Espero que você seja feliz, mesmo tendo me destruído, me humilhado, me deixado para trás da maneira mais covarde possível, de ter me enganado, me usado, me torturado e pisado no meu coração. Eu espero que você possa sorrir todos os dias. São dois anos e eu ainda tenho lampejos sobre você, não sei por onde você anda, não temos amigos em comum, fomos bloqueados de todas as formas de comunicações possíveis, eu realmente vivi sem você todo esse tempo, mas nada mais parece ser sincero, e eu precisava me abrir, por que eu ainda sinto que você vai aparecer na porta da minha casa daqui cinco anos dizendo que fez a maior cagada da sua vida. E eu já me estapeio sabendo que eu não vou ser capaz de mandar você a merda e nunca mais voltar até mim, por que você foi única, e eu espero que eu esteja errado, por que eu não quero viver a vida sabendo que nunca mais vou encontrar alguém que me dê o que você me deu, sabendo que o amor que mais me cativou foi o que mais me destruiu.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Nem acredito que tô nessa situação de novo, sem apetite e com lágrimas que se jogam sozinhas, sem parar. Com tudo formando um nó dentro de mim. E não tô assim por causa de uma situação isolada, tô assim porque eu tô parindo o nosso fim. Olha, vê se não me leva a mal, mas eu trabalhei toda essa coisa de sentimento durante muitos anos pra nunca mais me sentir desse jeito de novo. Não posso jogar todo o meu trabalho no lixo. Eu me culpei mil vezes, porque permiti que as coisas fossem longe demais, mais uma vez, sabendo como sempre termina. Mas respirei fundo e aceitei que não existe culpa, porque eu me permiti amar e isso não é uma coisa ruim. Ou pelo menos não deveria ser. Fui muito feliz, me senti como nunca tinha me sentido na vida, obrigada! Mas acho que é aqui que termina, porque eu não tenho a menor condição, física nem psicológica, de encarar essa vulnerabilidade. Esse sentimento de ser pequena, insuficiente, descartável. De verdade, não tenho mais energia pra me abater assim. Foi maravilhoso e eu não me arrependo de nenhum milésimo de segundo. Mas tem sido mágoa, frustração, esperar demais. E você é incrível, mas homem nenhum nesse mundo vale a minha paz.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Dias difíceis...

As coisas não vão bem. Pudera, quando encontro a paz, encontro a saudade. Saudade dos dias juntos de você. Mudanças, da vida, do trabalho, da família, da casa, do mundo; tudo muda, mas o coração permanece aqui, intacto, é como se alguma barreira cheia de espinhos impedissem qualquer um de chegar até o meio. Porque ele não precisa de qualquer um, ele precisa de você, que já mora há um bom tempo aqui, é seu lugar... Sabia? Tem amor, cuidado, carinho, é como se tudo mudasse, menos isso. O amor não muda. Amor é amor, ele nasce, se planta e pronto, ta ali, maduro... As vezes cai algumas folhas, uns pedaços, mas tá firme! Cria raízes, raízes essas das quais não sei como tirar, profundas... E fundas. Até dói as vezes, e que raio de amor é esse que causa dor? Ah! A dor provém da saudade, não do amor, é isso, né Deus? Se não pode tirar de mim o amor, ao menos tire a saudade... Saudade dos dias juntos de você. (repetindo de novo a frase dos dias juntos, porque os dias separados são incrivelmente chatos, tediosos e tristes). Se a saudade pode viver juntinha de mim, porque o amor não? Logo ele, cheio de raízes... Ta decidido, cortar o mal pelo raiz nem sempre funciona, mas vai que de alguma forma, aos poucos, enquanto as raizes são extraidas, o amor vai indo aos poucos embora também... O único problema é a saudade não cria raiz, mas cria algo muito forte na gente chamada tristeza. Saudade é o que fica de alguém que não pode ficar. E que triste a sua ida... Que difícil, que doída. Na alma, a alma sente dia e noite a dor da sua ida. E o coração... Ah, o coração nem sabe mais dizer o que sente, decidi por não mais ouvi-lo, só confundia mais ainda meus dias solitários e frios. Ele só sabe me dizer: "Ei, você sabe que esse vazio e buraco aqui dentro tem o tamanho da sua saudade, vai lá, não deixa isso passar não..."
Coração, sempre tão bobo e sem saber exatamente de nada. Cabeça, mantenha-se assim, pensando na alma. O coração não sabe o que diz...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Sei que a nossa história foi um pouco conturbada, cheia de divergências, de cenas inusitadas. O mundo só nosso, nosso próprio universo e nossas juras, nosso próprio dialeto e dias de loucuras que não vão voltar.
E pior é que ainda dá um nó quando eu lembro de nós, mas tipo, nada a vê é só o que eu gosto de lembrar. Fechar os olhos, te tocar e por um instante ainda te ter.
Problema meu se ainda amo, se ainda ouço a tua voz e vira e mexe eu penso em nós... Como eu queria que não fosse assim.
Mas não controlo essa saudade quando bem quer ela me invade, é madrugada ou fim de tarde. Eu juro que já tentei resistir... Não dá pra te arrancar de mim.
Cristiano Araújo - Paraíso Particular

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Ainda somos nós...

Muitas pessoas já cruzaram a minha vida. Algumas permanecem até hoje, outras passaram como um vento e você... você se foi, mas não passa nunca. Nosso amor nunca foi fácil, desses que você vê andando de mãos dadas pelas ruas. Sempre escondido, proibido e mais forte que tudo e todos. No pouco tempo que durou, se fez eterno. Você é mais parte de mim do que pessoas que eu conheço a tantos anos e vejo quase todo dia. Hoje você tem sua vida, eu também tenho a minha e não é justo dizer que não somos felizes. O tempo passa, as coisas mudam de lugar, mas nossa história continua ali, fazendo sorrir de vez em quando. O pior já foi, as lágrimas já não se jogam, mas ás vezes ainda me escapa uma ou outra. Tua presença ausente, tua partida presente, uma saudade boa, mas que dói. Você se foi, mas de alguma forma, em algum canto do peito, ainda somos nós. Talvez nunca deixemos de ser.

...

Ele vacila, mas nunca vai embora. Eu surto, fico monotemática, tenho paranoias a todo minuto, me canso, saio, volto, descanso, a gente briga, mas ele não vai embora. Tenho crise de TPM, crise de ciúme, crise de neurose, crise de carência e ele ali. Eu mudo o cabelo, a roupa, a maquiagem, o esmalte, os piercings, os sapatos, os sonhos, a vida, engordo, emagreço, a gente briga outra vez, ele continua. Entra e sai gente da minha vida a todo instante, gente que eu nem esperava, menos ele. Outros caras são mais gentis, carinhosos, me mandam flores e me enchem de atenção e elogios. Me deixam maravilhosamente bem por alguns dias contados, não mais que isso. Mas ele, do jeito completamente torto dele, sempre fica. Do jeito lindo dele, sempre. Ninguém nunca tinha ficado antes. É por isso que eu fico também. Eu que sempre ando cheia de palavras, fiquei sem. Não optei por guardar ou coisa parecida, me faltaram de verdade. Eu que sempre tenho listas de mil coisas que posso ou devo fazer, fiquei sem ação. Eu que me jurei ser discreta, minha, não me expor, tava ali, sem nada, desarmada e impotente. E precisava dividir minha dor, porque batia fundo na carne, sem armadura, e doía mais forte. Precisava distribuir culpas, ainda que não houvesse. Precisava vomitar tudo que me fugiu, pra não viver de estômago embrulhado. Tá tudo bem, vai passar, sempre passa. Era justamente isso que me chateava, eu não queria que passasse. Não agora, não incompleto, não vivo assim. Não queria abortar a gente. Não, mas eu aceito, não há nada mais que eu possa fazer. Passei anos sendo limitada e acabei viciada em respeitar espaços. Espaços que nem existem, ás vezes. E respeito uma decisão também, um fim antes do final. Odeio, era o que eu menos queria, me chateia, mas eu respeito. Assim, nu e cru, sem clichê pra enfeitar uma decisão pessoal e egoísta. Tá indo porque quer, só. Foi bom, maravilhoso, foi amor. Foi e eu respeito.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Assim como nasceu meu amor por você, também morreu. De uma maneira ridícula. Eu lembro bem, cheguei na sua casa atrasada, perfumada e sem grandes intenções. E você me recebeu suado e sem graça porque, afinal de contas, era tudo mentira que sabia cozinhar. Pra piorar, a pizza chegaria em instantes, mas seu interfone estava quebrado. Você me olhou como uma criança que é pega fazendo arte e eu te amei loucamente. Naquele segundo, a chavinha virou pra direita e catapuft: te amei absurda e infinitamente. Eu tinha motivos reais, palpáveis e óbvios para te amar. Você é bonito, seu abraço é quente, seu sorriso tem mil quilômetros iluminados, seu humor me faria rir 100 encarnações e você é bom em tudo, mesmo não querendo ser bom em nada. Seu coração é gigante, tão gigante que você, por medo, prefere a superfície. Mas eu te amei, mesmo, por causa daquele segundinho, o segundinho que a chavinha virou para a direita. O segundinho da pizza e do interfone. E assim foi por quase dois anos. Eu me perguntava quando isso teria fim. Motivos profundos, nobres e óbvios para deixar de te amar também não me faltaram, mas nenhum deles foi suficiente ou funcionou. Você acompanhou com olhos humildes e humilhados todos os passos da sua ex naquela festa e eu continuei te amando. Você confundiu Chico com Vinicius e eu continuei louquinha por você. Você tinha aquele probleminha de não segurar o prazer e meu maior prazer sempre foi qualquer segundo ao seu lado. Você me largou sozinha naquele hospital, com a minha mãe sem saber se tinha ou não metástase, e foi para a praia com seus amigos bombados. E eu, no fundo, te perdoava, te entendia, te amava cada vez mais. Você me mandou embora da sua casa, do seu carro, da sua vida, da memória do seu computador, do seu celular e do seu coração. Você me deletou. E eu passei quase um ano quietinha, te esperando, rezando pra Santo Antônio te ajudar a ver que amor maior no mundo não poderia existir. Eu segui amando e redesenhando cada dobrinha da sua pele, cada cheiro escondido dos seus cantinhos, cada cílio torto, cada risada alta, cada deslumbre puro com a vida, cada brilho nos olhos quando o mar estivesse bonito demais. Cada preguiça, cada abandono, cada estupidez, cada limitação, cada bobeira. Amava seus erros assim como amava os acertos, porque o que eu amava, enfim, era você. CATAPUFT! E eu me perguntava, quase já sem agüentar mais, sem entender tamanha entrega burra, quando isso finalmente teria um fim. Quando minha coluna ia voltar a ser ereta, minha cabeça erguida e meus passos firmes? Quando eu iria superar você? E foi assim, sem avisar, por causa de um segundo sem grandes enredos, que a chavinha, catapuft, fez meia volta e virou para a esquerda. Me devolvendo a mim, me devolvendo à vida. Dissolvendo você no ar, trazendo cores, cheiros e possibilidades de volta. Matando o homem que eu mais amei na vida bem na noite de Natal. Enquanto todos comemoravam o nascimento de Deus, eu comemorava a sua morte. A morte de quem e para quem eu já tinha sido mais fiel, refém, escrava e discípula do que para qualquer outro deus. Era véspera de Natal e você me ligou. Meu coração se encheu de esperança, de pureza, de fé, de alegria. Do outro lado, sua voz nasalada e banal me disse, assassinando meu coração e se suicidando na seqüência: essa ligação não é uma recaída natalina, não, é apenas porque eu tava aqui, sem fazer nada, e pensei… quer trepar? Catapuft. Não, eu não quero trepar. Mas quer saber? Eu também não quero mais te amar. O menino da pizza e do interfone virou um homem solitário, infeliz e descartável. Catapuft. Pode parecer loucura, mas tirar você do meu peito foi o meu melhor presente que já ganhei.
Texto da Tati Bernardi, mudaria muitas coisas, mas amei o texto. Principalmente o começo e o fim!