terça-feira, 31 de março de 2015

Tive que começar a escrever esse texto por que são duas horas da madrugada e eu não consigo dormir de forma alguma. Estou há meses fingindo que estou sendo sincero sobre o que eu escrevo, mas é uma mentira que eu conto para mim mesmo repetidamente todos os dias quando acordo. O peito está pesado, o passado está me puxando de volta e o futuro parece tão incerto e inconsistente que chega a me dar calafrios de medo. Eu estou tão cansado do estereótipo feliz que sou obrigado a sustentar em prol dos outros, de ter que sorrir sem vontade, de ter que se sentir privilegiado sem poder achar defeitos. Estou cansado, cansado de não poder ter meus fantasmas, meus medos e minhas inseguranças. Estou cansado de não poder ser frágil, de ter que esconder tudo dentro de mim por causa do medo das pessoas que me rodeiam de achar que eu vou entrar em colapso, que eu vou cometer suicídio, que eu vou praticar um homicídio, que eu vou cair em depressão profunda. A noticia para essas pessoas é que eu já estou colapsado e em depressão há meses. Tenho que ser um ótimo ator com essa minha eminencia natural de estar constantemente em estado depressivo. E é impressionante como isso machuca minha vida, minha autoestima. Incrível como meu particular pessoal-amoroso tem tanto poder sobre quem eu sou, sobre a intensidade dos sorrisos que eu dou sábado a noite. E mesmo sabendo que a felicidade jamais estará em outra pessoa além de mim mesmo, eu deito a noite olhando para o céu e me pergunto onde estará ela, olhando para o mesmo céu talvez, mas tão distante dali. Me lembro que há seis meses atrás escrevi um texto dizendo que jamais voltaria a escrever sobre você, pois bem, eu menti. Me surpreendi depois de todo esse tempo em perceber que nada mais que sai de mim é totalmente sincero, tive essa revelação hoje lembrando de você, em como a gente brincou com o destino e se machucou feio. Preciso ser sincero de novo, falar sobre você, sobre como você me fez desacreditar no amor desde que você partiu daqui. Tem sido difícil, cada dia, as noites se arrastam, mas nada parece me alegrar de verdade. Eu saí com tantas pessoas, beijei algumas pessoas maravilhosas, pessoas inteligentes. Passei domingos vendo filmes de casalzinho com mulheres carinhosas, passei sábados malucos em festas regadas a drogas e álcool curtindo a vida como um maluco suicida, beijei paixões platônicas de anos atrás em shows das minhas bandas favoritas ao som das minhas musicas prediletas. Mas mesmo assim nada preenche aquele vazio que você deixou quando foi embora. Tenho a sensação que nunca vou encontrar alguém como você, que transborde a minha existência com um simples olhar. Eu já tive infinitos casos e acasos da vida, já cai e levantei de sete relacionamentos sérios totalmente distintos, já entrei em depressão por amor (não na forma poética, na forma psicológica mesmo, e física, até mental) e mesmo com toda a bagagem eu digo que nada foi igual a você. A gente teve um nada, uma paixão rápida e destruidora, você nem chegou a entrar na minha vida, mas o estragado foi nuclear. Me lembro de ter atravessado a cidade em busca de presentes que poderiam caber na sua cesta de pascoa, e um deles foi aquele cachorro de pelúcia fofinho que eu apelidei com o seu sobrenome, pois ele seria seu filho a partir de então. Lembro de ter escrito uma carta onde na verdade o escritor era o cachorro, Billy Ribeiro, que dizia que queria adotá-la como dona e tudo mais. Lembro de ter saído correndo de Guaratinguetá a São José dos Campos para te entregar essa cesta na pascoa antes de você viajar para Minas, e com a pressa esqueci os chocolates em Guará e fiz uma via sacra em São José montando a cesta inteira de novo. Lembro que cheguei em casa desesperado “Mãe, me empresta o carro agora! É urgente!” e sair alucinado para ter aqueles infinitos dez minutos com você. Lembro do seu rosto feliz, de ver sua cara de quem não sabia mais qual era a sensação de ser tão amada assim. Mas lembro principalmente de você se negando a ficar com o Billy, pois você não podia entrar em casa com uma pelúcia, sua mãe poderia ver, seu namorado poderia descobrir. Nosso sonho era o impossível que eu faria de tudo para se tornar real. Você deixou comigo o Billy, e nunca mais veio buscá-lo, e mesmo depois de sumir da minha vida eu fiquei encarando ele em cima do meu guarda roupa pegando poeira, e era triste, muito triste. Por sorte minha melhor amiga também tinha o sobrenome Ribeiro, e eu dei o Billy de aniversário para ela, está em boas mãos agora. Ter perdido você me matou lentamente durante todos esses meses. Saber que eu usei tudo de mim por você. Fiz as loucuras que te deixavam desacreditada de que podiam ser reais. Fiz todo amor que você conhecia parecer uma velha lembrança de afeto. Eu usei toda minha experiência, todo meu aprendizado, todo meu cavalheirismo e amor para te fazer acreditar que era comigo que você deveria estar passando todos os dias da sua vida até a eternidade. Mas mesmo assim eu perdi, e eu sei que eu era melhor que ele, eu sei que minhas serenatas te acalmavam a alma, eu sei que só eu ficaria do teu lado nos conflitos que você tinha com a sua mãe e eu sei até que o sexo era melhor do que todos seus três anos de namoro. E eu sei não por que eu sou soberbo e me acho pra caralho, mas por que você me falou. Lembra? Ainda ecoa na minha cabeça quando você dizia que eu era o cara mais perfeito que podia existir. Que ninguém era capaz de fazer as coisas que eu fazia por você, que era um sonho, que eu era a única coisa que te fazia sorrir quando a sua vida parecia um pesadelo. Mas mesmo assim você foi embora, você ficou com ele, no final o amor apontou para outro lado, e mesmo que não faça sentido algum, eu entendo, eu entendo por que eu sei que o amor não mede o próprio amor, ele é adimensional, improvável e indecifrável, e mesmo que ele seja um babaca você possivelmente passara a vida ao lado dele. Espero que você seja feliz, mesmo tendo me destruído, me humilhado, me deixado para trás da maneira mais covarde possível, de ter me enganado, me usado, me torturado e pisado no meu coração. Eu espero que você possa sorrir todos os dias. São dois anos e eu ainda tenho lampejos sobre você, não sei por onde você anda, não temos amigos em comum, fomos bloqueados de todas as formas de comunicações possíveis, eu realmente vivi sem você todo esse tempo, mas nada mais parece ser sincero, e eu precisava me abrir, por que eu ainda sinto que você vai aparecer na porta da minha casa daqui cinco anos dizendo que fez a maior cagada da sua vida. E eu já me estapeio sabendo que eu não vou ser capaz de mandar você a merda e nunca mais voltar até mim, por que você foi única, e eu espero que eu esteja errado, por que eu não quero viver a vida sabendo que nunca mais vou encontrar alguém que me dê o que você me deu, sabendo que o amor que mais me cativou foi o que mais me destruiu.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Nem acredito que tô nessa situação de novo, sem apetite e com lágrimas que se jogam sozinhas, sem parar. Com tudo formando um nó dentro de mim. E não tô assim por causa de uma situação isolada, tô assim porque eu tô parindo o nosso fim. Olha, vê se não me leva a mal, mas eu trabalhei toda essa coisa de sentimento durante muitos anos pra nunca mais me sentir desse jeito de novo. Não posso jogar todo o meu trabalho no lixo. Eu me culpei mil vezes, porque permiti que as coisas fossem longe demais, mais uma vez, sabendo como sempre termina. Mas respirei fundo e aceitei que não existe culpa, porque eu me permiti amar e isso não é uma coisa ruim. Ou pelo menos não deveria ser. Fui muito feliz, me senti como nunca tinha me sentido na vida, obrigada! Mas acho que é aqui que termina, porque eu não tenho a menor condição, física nem psicológica, de encarar essa vulnerabilidade. Esse sentimento de ser pequena, insuficiente, descartável. De verdade, não tenho mais energia pra me abater assim. Foi maravilhoso e eu não me arrependo de nenhum milésimo de segundo. Mas tem sido mágoa, frustração, esperar demais. E você é incrível, mas homem nenhum nesse mundo vale a minha paz.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Dias difíceis...

As coisas não vão bem. Pudera, quando encontro a paz, encontro a saudade. Saudade dos dias juntos de você. Mudanças, da vida, do trabalho, da família, da casa, do mundo; tudo muda, mas o coração permanece aqui, intacto, é como se alguma barreira cheia de espinhos impedissem qualquer um de chegar até o meio. Porque ele não precisa de qualquer um, ele precisa de você, que já mora há um bom tempo aqui, é seu lugar... Sabia? Tem amor, cuidado, carinho, é como se tudo mudasse, menos isso. O amor não muda. Amor é amor, ele nasce, se planta e pronto, ta ali, maduro... As vezes cai algumas folhas, uns pedaços, mas tá firme! Cria raízes, raízes essas das quais não sei como tirar, profundas... E fundas. Até dói as vezes, e que raio de amor é esse que causa dor? Ah! A dor provém da saudade, não do amor, é isso, né Deus? Se não pode tirar de mim o amor, ao menos tire a saudade... Saudade dos dias juntos de você. (repetindo de novo a frase dos dias juntos, porque os dias separados são incrivelmente chatos, tediosos e tristes). Se a saudade pode viver juntinha de mim, porque o amor não? Logo ele, cheio de raízes... Ta decidido, cortar o mal pelo raiz nem sempre funciona, mas vai que de alguma forma, aos poucos, enquanto as raizes são extraidas, o amor vai indo aos poucos embora também... O único problema é a saudade não cria raiz, mas cria algo muito forte na gente chamada tristeza. Saudade é o que fica de alguém que não pode ficar. E que triste a sua ida... Que difícil, que doída. Na alma, a alma sente dia e noite a dor da sua ida. E o coração... Ah, o coração nem sabe mais dizer o que sente, decidi por não mais ouvi-lo, só confundia mais ainda meus dias solitários e frios. Ele só sabe me dizer: "Ei, você sabe que esse vazio e buraco aqui dentro tem o tamanho da sua saudade, vai lá, não deixa isso passar não..."
Coração, sempre tão bobo e sem saber exatamente de nada. Cabeça, mantenha-se assim, pensando na alma. O coração não sabe o que diz...